Live together, die alone

Às vezes bate um cansaço inacreditável. Do tipo que a gente desanima ao acordar, e pensar em ter que tomar banho e ir trabalhar, em ter que tomar café da manhã, em tudo que tem pra fazer, pra viver.

Acho que viver cansa.

Até meados da adolescência, tudo é novidade. Há um mundo de possibilidades.
Quando ficamos mais velhos, a coisa muda bastante.

Já não há tanta coisa nova para se ver.
As pessoas são as mesmas.

Nos bares existem as mesmas pessoas ou querendo ouvir um som, aquele som antigo, que conhecemos muito bem, cantamos juntos, mas mesmo assim ainda pagamos para ver de novo - mesmo que nem se compare ao da banda original - e ainda teimamos em trazer aquela euforia de antes, ou querendo "turismo sexual". Como se ficar com a garota do sorriso bonito fizesse aquela dor la dentro deixar de existir. Como se isso te preenchesse com alguma coisa, te deixasse mais seguro, se sentindo mais bonito, mais confiante. Como se a rejeição deixasse de existir.

O beijo será o mesmo, de tantas vezes. Boca, lábios, língua. A mesma textura. O sexo será o mesmo. Corpo, pele, desejo, pressa, urgência ... e vazio.

Nas festas, as mesmas pessoas. Querendo conversar, tirar alguma coisa interessante de dentro de você. Mostrar o quanto são inteligentes, talentosas, bacanas e positivas, ou chatas e negativas. É o mesmo papo de sempre: emprego, desejos, amores, dores. Seus medos, suas fraquezas, suas conquistas.

Nas ruas... as mesmas pessoas! Mas pelo menos nas ruas, você não tem que fazer sala para ninguém. Essas mesmas pessoas continuam seus caminhos, apressadas, formiguinhas construindo esse mundo enorme e cinza que vivemos. Preocupadas com as contas para pagar, com o chefe que briga, as notas dos filhos, o apartamento que quer comprar, o que quer conquistar. Sim, as conquistas também acabam com a gente.

Além das pessoas, os lugares são os mesmos.

São Paulo é igual a Nova York, que é igual à Tóquio, que é igual a Sidney. As grandes metrópoles se diferem na quantidade de formiguinhas solitárias, andando apressadas pra lá e pra cá, cada uma com seu inferno pessoal.

As cidades pequenas são iguais.. um boteco aqui, algumas casinhas alí, e mato para todo lado. Você vai pra lá, dorme bastante, come bastante, rumina o dia todo, vê coisas que considera "novas", mas que provavelmente já viu em dezenas de revistas por aí (ou na internet, aí, viu centenas de vezes por aí). Algumas vezes fica encantado com as obras da boa mãe natureza, como olhando cachoeiras, a vista de uma montanha, a praia imensa.. mas se isso durar alguns segundos, ainda é muito. Afinal de contas, provavelmente também viu isso outras vezes, em outras ocasiões.

Aí bate esse cansaço extremo, que na verdade, é a boa e velha depressão. Não a que vem devagarinho e quando você se dá conta, sua vida está simplesmente chata. Não, é aquela que te arrebata, a ponto de você não ter vontade de comer, de dormir (quanto mais sair por aí e se dar ao trabalho de conhecer gente nova.. cruz credo!), de estudar, de fazer aquelas coisinhas que te davam uma migalha de prazer, de viver.

Vai ver é essa a eterna busca da vida adulta. Algo que te faça criança novamente. Que te mostre com aqueles olhinhos ingênuos a imensidão do universo, que te faça chorar e rir ao mesmo tempo.

Algo divino.

Mesmo que seja um pequeno prazer, como esperar o papai em casa, que vem te dar um beijo e aquela balinha, miúda e dura, que você aguardou o dia inteirinho só para arrancar o papel e rapidinho colocar na boca. Ou ganhar o tão sonhado presente de natal - que você nem sabe o que é, mas sabe que será muito bom. Chegar na praia e correr para a água, de roupa e tudo, pular uma onda e fazer um castelinho na areia.

Aí a gente se pergunta.. onde foi que isso se perdeu?

1 comentários:

  Fabiana Fernandes

19 de maio de 2008 às 11:38

Oiiiiiiiiiii! Fiquei com vergonha do layout do meu blog agora! kkkkkkkk
Dá uma olhada no blog da minha professora...Temj coisas novas. Entrando no meu blog tem o link!
Bjussssss