do não

Vejo flores e raios
de luz tão raros
em meio ao caos e tristeza.

Acordo e sinto o cheiro da terra
das flores, da vida
dou bom dia para Deus e agradeço mais um dia
dou graças por abrir os olhos e simplesmente viver

Vou com a maré, sem a maré,
com a lua cheia ou vazia
mas vou.

Fico paralizada diante de decisões simples
e trato com desenvoltura as mais complicadas
vivo sorrindo como quem é feliz
e fico triste com a felicidade

sou do contra, do outro, do não
apesar de sempre dizer sim.

Ah, que se dane.

Parece que eu voltei no tempo, há muitos anos atrás.
Na época q eu conseguia sonhar.

É tão foda que dá medo.
Tão bom que dá medo.

O ciclo.

O mundo se abre para mim como uma puta nova,
as possibilidades são infinitas
e as escolhas, tantas..
que não sei pra onde ir.

Ou eu sei pra onde ir,
mas não quero ir pra lá
quero vir pra cá
onde sei que não devo.

Pra lá eu sei o que há
Mas pra cá é mistério
é novo e amargo
E por isso é bom.

E assim, como um recém nascido
bebo da vida sofregamente
bebo tanto que engasgo, cuspo
e choro por minha estupidez.

Às vezes parece que eu não vou conseguir.

Às vezes parece que meu tempo tá acabando.

O medo é um inimigo cruel. Muito.
E quando ele me toma.. me sinto tão impotente.
Ínfima. Um lixo.

Minha bomba de adrenalina tá desregulada.

Tic tac tic tac.

O não.

Não calo mais. Não abaixo a cabeça. Tô chata, um pé no saco, briguenta e mandona.

Foda-se. Acham q eu tô pirando. É diferente.

Não tô pirando.

Não sou louca.

Sou livre.

E só depois de muitos anos, muitas quedas e sangue, muita terapia, é que eu tô começando a entender o real significado disso.