O gosto na boca ainda é o mesmo

O gosto na boca ainda é o mesmo
Metal velho e sangue novo
Amargo

Tomei um soco da vida
cuspi os dentes e sorri
me bate de novo, eu pedi

Ela me bateu de novo,
já estou acostumada à esses pedidos,
desesperados, acaba comigo de vez

Pega uma foice e com brutalidade,
arranca uns nacos de carne
Esculpe meu corpo ao som de gritos de dor
de gritos e de dor

Música para seus ouvidos
Um pouco de carne à menos

Como uma excelente artista,
dá os retoques finais

algumas rugas aqui
alguns fios de cabelo branco alí
um toque de desespero no olhar

quase pronto

Com um único golpe, abre minha cabeça
abre a boca
e vomita ratos e musgo
grita e blasfema

cospe um louco
um surdo
mais um louco
e um apaixonado

Grita os segredos da vida
tão alto que meus ouvidos sangram
e nesse instante eu perco o juízo.

A ignorância é uma benção,
o conhecimento é a maldição.

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