A corrente do bem.

Na verdade esse blá blá blá todo é só para me enganar.
E esquecer a tristeza, a dor e toda essa merda aqui dentro.


Eu não gosto de Legião Urbana. Acho triste, depressivo. Mas o rapaz escrevia como ninguém.

Uma de suas músicas, pra variar, um poço de tristeza, no final tem uma parte muito bonita.

Ela diz:
"Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem"

Eu concordo, muito mesmo com isso.

Não é um momento "quero ser canonizada". Longe disso. Mas sempre segui um pouco essa filosofia "Poliana". Ver as coisas por um lado positivo. Levar adiante a corrente do bem.

Como todo mundo, eu sinto raiva, eu fico brava. Aí eu choro. Sabe porque?

Porque aqui dentro não tem espaço para isso.

Isso é algo muito natural. E extremamente pessoal. O meu corpo simplesmente rejeita a raiva. E a rejeição é tanta que acaba tudo expelido pelo choro. Tanto que eu fico calminha, zen, depois de chorar. Aí me chamam de chorona, ou sensível, ou dizem que eu fico acumulando a raiva e a mágoa e que um dia eu vou explodir.

Aí pensando no assunto eu percebi essa minha maneira de lidar com coisas ruins. Chorar é bom! Sai tudo de dentro de você. Tudinho, aí, vira um papel em branco de novo, para preencher de coisas novas - e boas. Quantas vezes, você, chorando no ombro de alguém, ouviu um "isso, chora, tira de dentro de você". É isso mesmo!

Tira toda essa negatividade. Sentimentos ruins são negros. Eles te preenchem, como uma doença ruim. Te causam câncer. E claro, só atraem coisas ruins.

Sabe, tem tanta gente que acorda, e já pensa: que merda, tenho que trabalhar. Toma banho mau-humorado, vai trabalhar carrancudo. Chega no trabalho, é claro, esta tudo sempre uma merda. Volta para casa, e pensa nas milhares de coisas que precisa fazer e fica desanimado. "Caralho, que merda, quanta coisa para fazer".

Aí essas pessoas ficam procurando a tal da alegria, da felicidade, da paz a vida toda.
Claro que não acham. Nem onde pensariam que a felicidade existe. É a eterna busca por objetivos que quando alcançados, deixam de ter graça. Perdem a importância.

E sim, negatividade é diferente de acordar de mau humor, de tpm...

É surreal, mas quando eu abro os olhos, a primeira coisa que penso é: "Estou viva!"
Eu sei, é ridículo. E esse puxa vida, estou viva, vem meio que como uma prece. E um agradecimento. Se o dia está bonito então, a coisa fica até meio mágica. Aí eu acordo sorrindo.

Tomo um banho para despertar, e vou trabalhar. Chego meio aérea, afinal de contas, o dia convida para uma espreguiçada num banquinho, banho de sol. Trabalho, volto para casa pensando nas coisas que tenho para fazer e me admiro em como eu arrumo tempo para fazer tudo. As que não dão tempo de fazer ou terminar.. bem, um dia eu faço! :P

Sou recebida pela Lucy, que já fica chorando pedindo colo (a Lucy é uma lhasa-apso). Dou um beijo no papai, um beijo na mamãe. Lavo as mãos, dou um beijo na lucy (e recebo uns 30!). Dou uma fungada no cheiro gostoso de comida na cozinha, subo para o quarto e já começo a tocar minhas coisas.

E vejo essas coisas bonitas. O sorriso dos meus pais quando eu chego em casa. As lambidas da Lucy. O olhar agradecido da senhora que você acabou de ceder o lugar. O "muito obrigado" de alguém que você simplesmente segurou a porta para passar. A satisfação de fazer um projeto, mesmo que pequeno, funcionar. A mesma satisfação de entregar um trabalho bem feito. Que você sabe que fez com carinho, com dedicação. O ré-lá-sol-lá na guitarra, que virou música, pela primeira vez (sim, sinta alegria em evoluir, em crescer, e orgulhe-se disso!).

Enfim, acho que encontro a tal da alegria, felicidade, e paz, nas pequenas coisas.
São pequenos lampejos, tudo em pequenas doses, homeopáticas.

Mas junte tudo isso, todos esses lampejos, essas pequenas doses.
Vai ver o tamanho que fica.

E verá que isso é maior que qualquer outra coisa.

A felicidade está aí. Você só precisa aprender a ver. :)

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